quinta-feira, 23 de agosto de 2007

Francamente saudades...

Se eu pudesse voava para vos ouvir daquele jeito so vosso outra vez...aquece a alma...

quarta-feira, 15 de agosto de 2007

Parto rumo à maravilha...

Rumo à dor que houver para vir...

terça-feira, 14 de agosto de 2007

Agricultor de Palavras

"Súplica

Agora que o silêncio é um mar sem ondas,
E que nele posso navegar sem rumo,
Não respondas
Às urgentes perguntas
Que te fiz.
Deixa-me ser feliz
Assim,
Já tão longe de ti como de mim.

Perde-se a vida a desejá-la tanto.
Só soubemos sofrer, enquanto
O nosso amor
Durou.
Mas o tempo passou,
Há calmaria...
Não perturbes a paz que me foi dada.
Ouvir de novo a tua voz seria
Matar a sede com água salgada."
Miguel Torga

Um testemunho, uma impressão digital, uma memória, uma dádiva do Homem, do Médico, do Humanista, do Escritor, e do Poeta, que com tanta propriedade foi Poeta e por isso mesmo ainda o é!

No dia 12 de Agosto "celebrou-se" o centenário de Adolfo Correia da Rocha, que se reinventou a si mesmo conduzindo-nos a Miguel Torga...este facto parece que foi olvidado por muitos e descuidado por outros que não tinham esse mesmo direito e que por isto mesmo incumpriram, mais uma vez, nos seus deveres. O Sr. Primeiro-Ministro José Sócrates, e respectivo Governo tão conhecidos pelas suas mentiras e ultrajantes poses de respeito e seriedade (também conhecidas como "Pose de Estado!") decidiram ou não decidiram, simplesmente ignoraram o facto. E com tanta displicência que atingiu directamente quem, teimosamente, insiste em acreditar que existe o mínimo exigível a quem desempenha tão nobres funções...

Sublinhando o facto que não sou do governo nem da oposição, deixo, para delícia de alguns (aqueles que não se embevecem com o fenómeno Sócrates, ao qual antecedeu o fenómeno Zé Maria com consequências infinitesimalmente menos graves) palavras de outro poeta, curiosamente deputado do PS. Diz então Manuel Alegre ao jornal Público:
"Miguel Torga é sempre uma referência, não apenas de Coimbra, mas de Portugal. E faz muita falta a Portugal, neste momento em que, mesmo aqueles que têm grandes responsabilidades intelectuais, parecem duvidar daquela que é a mais velha nação da Europa ocidental"

Talvez com este enquadramento se entenda, porque dedico parte das minhas palavras a este assunto...não se trata de criticar por criticar, trata-se de cuidar e enaltecer quem o merece, pelo o legado e pela cultura...

E agora que já me enervei com o assunto passo a dizer o seguinte: o actual Primeiro-Ministro, não mente mais que os outros, é apenas mais descarado! Queria muito ser engenheiro e foi assim mesmo nesse espírito que "fez" o "curso"; pois bem se a notoriedade, pela conclusão de um curso, seja ele qual for da maneira como for, é tão importante para o Sr. Engenheiro José Sócrates, que fique registado que Adolfo Correia da Costa tinha Dr. antes do nome: era médico! Acresce que também trabalhou no sector primário, enquanto Miguel Torga era o inestimável e sabedor Agricultor de Palavras, o Poeta...

Não é um como qualquer outro, é uma marca Lusitana, salvou vidas e almas e continua a salvar almas...tenha vergonha Sr. Primeiro-Ministro, e, já agora, o seu Governo também....ou será necessário que o próprio Miguel Torga lhe escreva uma Súplica!

domingo, 12 de agosto de 2007

Convicção...

Não fales do meu jeito
Não fales do meu sorrir
Nem do meu olhar
Não fales da minha pele
Não fales do meu cheiro
Nem das minhas mãos
Não fales do meu respirar
Não fales do meu toque
Nem do meu beijo
E, por favor, não digas que sou bonita
Em momento algum digas que sou bonita

Todas as frases que te ensinaram
Todos os sítios conhecidos e revisitados
Todos os gestos e momentos mais que vividos
Todos os dizeres gastos de tanto uso
Todos os "fazeres" já enervantemente repetidos
Todos os beijos, todos os abraços, todos os enlaços decalcados em tantos outros...todos os "amo-tes"... nem te atrevas a dizer assim que me amas...sem a dignidade de uma letra maiúscula, tal como um ateu fala de deus...

Tudo o que nos pertencer tem de ser novo, em nada semelhante aos que nos antecederam e aos que nos irão suceder, porque a minha natureza é selvagem, eu sou inteira e vivo assim diferentemente do que algum romance algum dia te poderá ensinar... porque em nenhuma mulher encontrarás uma igual a mim, é de mim, discorre de mim, é-me inerente a realidade de nunca preencher uma personagem-tipo...

Aviso-te que não será nada fácil...os dias não vão ser todos de felicidade, muitos serão os dias desesperantes e infelizes que viverás comigo, mas nos dias felizes nem vais conseguir acreditar que é possível viver assim, e o teu coração vai disparar e a tua respiração não te vai acompanhar...simplesmente porque não dá para ser de outro modo...

Independentemente da vida que te espera, e daquelas que me sucederão, a lembrança de mim, de ti, de ti comigo e de nós e da nossa história perdurará, pelas suas inconstâncias, pela sua intensidade, porque nunca será uma comunhão de estabilidade...desconheço o seu significado e ela nunca fará parte da minha vida não preciso dela e não a quero...
Vais-me culpar porque nunca mais teres sorrido daquela forma, por nunca mais te teres deixado dominar pela paixão, por nunca mais "gargalhares" de uma felicidade despida de qualquer conceito exterior ao que simplesmente sentes, por não encarares de novo a vida com o nosso optimismo...mas não me vais acompanhar e não vais aguentar...apesar de nenhum projecto ser tão viável e nenhum Amor tão real...

Aí tu não vais querer mais, e não sejas complacente comigo porque eu nunca serei contigo, manda-me embora...e eu vou sem nunca mais voltar (a olhar) para trás!