segunda-feira, 24 de março de 2008

Lindo!!

"Já gastamos as palavras pela rua, meu amor,
e o que nos ficou não chega
para afastar o frio de quatro paredes.
Gastámos tudo menos o silêncio.
Gastámos os olhos com o sal das lágrimas,
gastámos as mãos à força de as apertarmos,
gastámos o relógio e as pedras das esquinas
em esperas inúteis.

Meto as mãos nas algibeiras e não encontro nada.
Antigamente tinhamos tanto para dar um ao outro;
era como se todas as coisas fossem minhas:
quanto mais te dava mais tinha para te dar.
Às vezes tu dizias: os teus olhos são peixes verdes.
E eu acreditava,
porque ao teu lado
todas as coisas eram possíveis.

Mas isso era no tempo dos segredos,
era no tempo em que o teu corpo era um aquário,
era no tempo em que os meus olhos
eram realmente peixes verdes.
Hoja são apenas os meus olhos.
É pouco mas é verdade,
uns olhos como todos os outros.

Já gastámos as palavras.
Quando agora digo: meu amor,
já não se passa absolutamente nada.
E no entanto, antes das palavras gastas,
tenho a certeza
de que todas as coisas estremeciam
só de murmurar o teu nome
no silêncio do meu coração.

Não temos já nada para dar.
Dentro de ti
não há nada que me peça água.
O passado é inútil como um trapo.
E já te disse: as palavras estão gastas.

Adeus."

A todos os "adeus" que disse, a todos os que vou dizer, a todos os que irão acontecer...porque muitas vezes o simples adeus não chegou a ser Adeus...
Porque Eugénio de Andrade se excedeu aqui;)

sábado, 15 de março de 2008

Too close for comfort

"Be wise, be smart, behave, my heart
Don’t upset your cart when he’s so close
Be soft, be sweet, but be discreet
Don’t go off your feet, he’s to close for comfort

Too close, too close for comfort, no, not again
Too close, too close to know just when to say "when"

Be firm, be fair, be sure, beware
On your guard, take care, while there’s such temptation

One thing leads to another
Too late to run for cover
He’s much too close for comfort"